quinta-feira, 28 de março de 2013

Sebrae vai investir R$ 1 bilhão até 2016

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Sebrae vai investir R$ 1 bilhão até 2016

Por Kátia Simões | Para o Valor, de São Paulo
Trabalhar o negócio da porta para dentro. Esse é o grande desafio das micro e pequenas empresas, na visão do Sebrae. Significa, na prática, adotar estratégias inovadoras não só em produtos, mas também em gestão, com a melhoria de processos e qualidade de produtos e serviços, além da adoção de medidas sustentáveis que atendam as demandas dos consumidores e diminuam os custos da operação. Em entrevista exclusiva ao Valor , o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, fala como os investimentos de R$ 1 bilhão em inovação nos próximos três anos podem ajudar as empresas a ganhar competitividade.
Valor: A demanda por soluções de inovação cresceu entre as pequenas empresas. O que contribuiu para mudar esse cenário?
Luiz Barretto: Em 2010 o Sebrae atendeu 40.135 empresas com soluções inovadoras. Em 2011, foram 59.295 e, em 2012, 109.737. Vários fatores levaram os atendimentos a quadruplicar em dois anos, como necessidade de sobrevivência em mercados cada vez mais competitivos, a entrada de produtos importados, o comportamento do próprio consumidor e as exigências cada vez maiores das grandes empresas em escolher fornecedores de qualidade comprovada por certificações. A mudança implica não só a inovação de produtos, mas também da gestão do negócio e adoção de práticas sustentáveis. No caso do Sebrae, inovação tem tudo a ver com as pequenas empresas, que faturam até R$ 3,6 milhões, ou R$ 7,2 milhões ao ano, quando exportadoras.
Valor: Os empreendedores já enxergam a inovação como um investimento com ganho futuro. Qual a contribuição do Sebrae para isso?
Barretto: O maior obstáculo é como operacionalizar as inovações desejadas. O Sebrae tem feito um trabalho forte nas duas frentes - aculturação para a inovação e prática inovadora. Criamos uma rubrica interna que determina que no mínimo 20% dos nossos recursos devem estar comprometidos com temas de inovação. Nós até ultrapassamos esse percentual no ano passado, chegamos a quase 28%. Desenvolvemos programas específicos para esse fim, como o SebraeTec, que registrou 57 mil atendimentos em 2012, quatro vezes mais que em 2010. Trata-se de um programa específico para pequenas empresas que têm agenda de design, de inovação, de competição com o importado, que quer se internacionalizar e que está antenada com as questões de inovação tecnológica. Atacamos onde o problema era mais latente, para ajudar na sobrevivência dos negócios em um futuro próximo.
Valor: Quais as áreas trabalhadas com o SebraeTec?
Barretto: Demos prioridade aos atendimentos em design, qualidade (normatização e avaliação de conformidade de produtos) e sustentabilidade (eficiência energética), sendo este o de maior expectativa de crescimento nos próximos anos, dado o aumento do mercado consumidor de produtos sustentáveis. Para viabilizar essas ações o Sebrae Nacional investiu R$ 70 milhões no ano passado. A meta é somar R$ 1 bilhão em investimentos até 2016. Garantimos subsídios de 80% do valor dos serviços contratados, cabendo às empresas assumir os outros 20%. Trabalhamos para que seja colocado em prática um mix de inovação de produto, design, sustentabilidade e gestão de processos. Também estamos investindo na área de certificação, origem e destino, pois as exigências de quem compra são cada vez maiores, independentemente de quem negocia: o governo, grandes players nacionais ou multinacionais.
Valor: Podemos afirmar que há um cenário favorável para as pequenas empresas investirem em inovação?
Barretto: As condições objetivas do mercado estão levando as pequenas empresas à inovação. O Sebrae não dá murro em ponto de faca, dobramos nossos esforços porque há ambiente favorável. Se falasse em eficiência enérgica há 10 anos, por exemplo, o discurso soaria quase que uma pregação. Hoje não.
Valor: Quais os grandes desafios das pequenas empresas quando o objetivo é inovar?
Barretto: Um dos esforços do Sebrae é colocar a inovação na pauta dos pequenos negócios e melhorar os serviços ofertados. Crédito é outro desafio, porque inovação, tecnologia e internacionalização custam. Há um esforço forte da Finep, do Ministério da Ciência e Tecnologia e do próprio Sebrae. Seria essencial que os fundos privados abraçassem a causa.
Valor: Quais são as principais parcerias do Sebrae para esse fim?
Barretto: Com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores temos o Cerne - método baseado em boas práticas de gestão de incubadoras; com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) o convênio visa ampliar o número de micro e pequenas empresas que façam uso de normas técnicas como fator de inovação em seus negócios, por meio da sensibilização, capacitação e uso de produtos e serviços. São 10 guias de implantação de novas técnicas para pmes e 3.068 normas técnicas.
Valor: Qual o caminho do empreendedor para ser bem-sucedido?
Barretto: O fundamental é conhecimento: do negócio, do mercado e do cliente. Hoje, a relação com o cliente é essencial para o bom desempenho das empresas. Posso ter um excelente produto, mas a forma de lidar com o cliente será decisiva para a minha empresa ter mais sucesso que a do concorrente. É um tripé: produto, gestão e relacionamento com os clientes, um desafio para qualquer tipo de negócio. Ao contrário do passado, na atualidade o que faz a diferença é a gestão empresarial, a busca da informação e do conhecimento, o trabalho da porta para dentro. As condições são iguais para as 7 milhões de empresas que operam no Simples. Por isso, olhar para dentro tem um peso muito importante. Nunca foi tão importante se capacitar. Hoje, só 2% das empresas que estão no Simples são exportadoras, temos um desafio forte ajudar um maior número de empreendedores a ganhar produtividade e qualidade para elevar esse percentual para 10%.
Valor: Como o senhor avalia a criação da Secretaria das Pequenas Empresas?
Barretto: Avalio positivamente, afinal trata-se de um segmento que responde por 25% do PIB, por 99% das empresas nacionais e por 70% dos empregos gerados. Acho que vale ter um único órgão que centralize as pautas do setor, com status de ministério, que tenha um olhar e um tratamento diferenciado para a pequena empresa. A sinergia com o Sebrae será muito forte. O Sebrae fazendo a área técnica, as capacitações, as consultorias e a secretaria administrando as medidas para melhorar o ambiente para o desenvolvimento da pequena empesa. Estou otimista.
 
Fonte: Valor Econômico

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